Entrevista com Walther Negrão




























Fonte: TV Globo. Memória Globo. Autores. Histórias da teledramaturgia. Central Globo de Comunicação: 2008. p. 388-445.



Parte 2: Fonte: Blog Vivo no Viva, pertencente ao site do canal Viva. Disponível em: http://canalviva.globo.com/especial-blog/vivo-no-viva/post/autor-da-trama-walther-negrao-fala-sobre-novela-tropicaliente.html, visitado em 6 mar.2015



1 - Você declarou, por ocasião da estreia de Tropicaliente: “Costumo dizer que essa é uma novela de mil amores e um único ódio, o mais terrível, que é de filho para mãe”. Como o senhor concebeu a trama de Tropicaliente? O que motivou a criação de um personagem tão complexo quanto Vitor Velásquez (Selton Mello)?

Tropicaliente começou a surgir quando Paulo Ubiratan, então diretor responsável por todas as novelas da Globo, me disse que gostaria de ter no ar uma novela com muito sol e muita gente bonita. Ele mesmo sugeriu Fortaleza como local para as gravações. Na semana seguinte fui para o Ceará com ele e Mario Lucio Vaz, então diretor artístico da Globo, os dois homens que mais entendiam de novelas na casa. Por quatro dias rodamos as praias pesquisando aquele universo e voltei com a trama e os personagens já esboçados. A escolha do Selton foi aposta do Paulo Ubiratan, que conseguia sentir logo quando estava diante de um grande ator. Confesso que tive receio de entregar a um principiante o papel deVitor Velásquez, jovem cheio de conflitos, porém mais uma vez o meu amigo Paulinho acertava na mosca.
Amanda (Paloma Duarte) e Vitor (Selton Mello)
 Os irmãos Amanda (Paloma Duarte) e Vitor (Selton Mello) em "Tropicaliente"


2 - Você acompanhou o início das gravações de Tropicaliente em Fortaleza. O que mais o impressionou na estrutura montada para a novela? Quais suas lembranças do contato com a equipe e elenco neste período?

Um fato que pouca gente sabe: depois de vermos tantas praias lindas nos arredores de Fortaleza, acabou sendo escolhida uma grande laje de pedra como principal locação. Sobre essa laje foram depositados caminhões e caminhões de areia para depois ser montado o cenário da aldeia dos pescadores. Sem dúvida esse esforço de produção me impressionou muito na época. E a lembrança que guardo até hoje, com muita saudade, é do convívio com equipe, elenco e povo do Ceará. Nem parecia a trabalho que todos iam para Fortaleza, havia uma camaradagem enorme, uma alegria geral por estarmos naquele paraíso.



3 - Em entrevista ao livro Autores, você comentou que Tropicaliente exigia 30 capítulos de frente por conta do dez dias de gravações em Fortaleza todo mês. Como é trabalhar com um prazo tão grande entre a escrita e a exibição? Isso, de alguma forma, prejudicou a recepção do público a novela em 1994?

A distância entre gravação e exibição não era tão grande assim. E como eu acompanhava a equipe durante o trabalho em Fortaleza havia a chance de mudar no script o que fosse necessário. Por isso a história sempre manteve o publico interessado.



4 - A substituta de Tropicaliente, Despedida de Solteiro, também é de sua autoria. Por que o público do VIVA deve acompanhar a próxima novela?

Gosto muito do resultado conseguido pelos atores, por mim e pela equipe de Despedida de Solteiro. Foi um desafio para todos porque tivemos apenas 30 dias entre a encomenda da novela e a estreia no ar. Explico: naquele momento estava em adiantado processo de produção a obra de Ivani Ribeiro, Mulheres de Areia. Porém, a um mês do lançamento a protagonista Glória Pires avisou que havia engravidado. Então fui chamado às pressas e me deram a tarefa de encontrar uma saída porque Ivani insistia no nome da Glorinha para fazer as gêmeas Ruth e Raquel, o que diante da circunstância seria impossível. Por outro lado, os cenários e a cidade cenográfica estavam construídos e não haveria tempo para mudar nada daquilo. Então, direção e produção colocaram todas aquelas plantas baixas da cenografia e me desafiaram: “invente uma história pra colocar nesses ambientes”. Foi o que fiz, nada mais que isso. Assim é a televisão, onde o imprevisível acontece e às vezes nos inspira, nos ajuda a criar.

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